Existe uma fórmula para diminuir as taxas de suicídio?
Existe uma receita para acabar com a depressão e com a infinidade de
transtornos de humor, que cada dia mais acomete a população? Segundo dados da
Organização da Saúde, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os
anos. Superando o número de mortes causadas por acidentes e até mortos em
guerra. Muito se fala no assunto, mas os números de mortes só aumentam.
O mês intitulado
setembro amarelo, aborda o tema e é uma campanha que visa divulgar e orientar a
população sobre formas de prevenção. Questões sociais, culturais, transtornos
mentais e de humor, são algumas das causas que podem levar as pessoas a
cometerem o suicídio. Podemos destacar a depressão, como um dos transtornos
atuais que mais levam as pessoas a desistirem de prosseguir vivendo. É muito
particular o que cada um sente. E cada ser humano lida com seus medos, dores e
pavores de formas diferentes. Devo salientar que, muitas pessoas com depressão
estão por ai vivendo sorrindo, dançando e levando uma vida normal, quando na
verdade sua dor interna é insuportável. Quando a pessoa é menos resiliente o
quadro é muito mais grave. A pessoa não quer sair de casa, interagir com
pessoas, perde a fome e literalmente a vontade de viver. Os problemas
enfrentados por cada um geram ansiedade, medos e tristezas e consequentemente o
cérebro nota essas reações e logo também sente-se desconfortável. É nesse misto
de confusões que o corpo começa a dar sinais de fadiga, cansaço e esgotamento.
Se os pensamentos só se direcionam para valorizar os acontecimentos ruins, as
coisas se complicam. Procurar formas para desviar o foco dos problemas é a
primeira alternativa. E como fazer isso? Procurar ajuda e contar sobre a dor
acometida é fundamental. Buscar tratamento profissional e começar a perceber
que SEMPRE EXISTEM ALTERNATIVAS. Ao longo da vida sempre existirão altos e
baixos e o segredo para manter a saúde mental em bom estado, é nos darmos conta
de que não daremos conta de tudo! E não daremos mesmo!!! Haverá situações
ruins, doenças, angustias, perdas e medos infinitos. Afinal de contas estamos
vivenciando um fenômeno chamado VIVER! E viver consiste em caminhar entre altos
e baixos. E podemos caminhar entre altos e baixos se pudermos nos olhar como
seres frágeis, mas capazes de superar. O suicida não quis acabar com a
própria vida. Ele quis acabar com a dor que sentia e dar fim no que acreditava
não suportar ou conseguir resolver. Um suicida poderia estar vivo se tivesse se
dado conta da importância de contar sobre suas dores e angustias. Se não
tivesse se envergonhado em procurar ajuda médica. Estaria vivo se soubesse
sobre suas capacidades!
Enquanto psicóloga que atende crianças me sinto na obrigação
de reforçar para os pais a importância de serem presentes na vida de seus
filhos de forma efetiva! Contar para as crianças diagnosticadas com
dificuldades, que são capazes! Estimular, incentivar e fazer com que eles
acreditem realmente que são capazes de desenvolver infinitas habilidades. Que
os pais estejam dispostos a ensinar sobre empatia e educação. Não só falar sobre
ensinamentos de história, geografia ou matemática. Mas também sobre o amor e
respeito ao próximo, sobre dar e receber carinho, sobre perdas e ganhos na
vida. Que os pais ensinem sobre resiliência a seus filhos, para que saibam
lidar com as críticas, perdas e danos causados ao longo da vida. Principalmente
para que no percurso do desenvolvimento se tornem adolescentes mais
estruturados e adultos capazes de enfrentar toda a turbulência que tornar-se adulto
nos obriga a enfrentar.
O alicerce para uma vida mental saudável e estruturada
começa na infância! É fato que ter filhos é um investimento a longo prazo e
exige muita responsabilidade. Dispor de tempo, atenção e cuidados necessários
serão sem dúvidas grandes aliados em diminuir problemas futuros! Diminua o
tempo no celular e no tablet, distribua mais abraços e beijos. Vá para um
parque, jogue bola, solte pipa, faça bolhas de sabão e viva a infância junto
com seu filho. Você sabe que esse tempo não vai voltar. Mas só vai se dar
conta, quando solicitar um abraço e não receber, porque um dia também não soube
dar...
Por: Psicóloga Adriana Rodrigues.